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Channel: Orações e milagres medievais
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Um milagre espiritual: a conversão de um príncipe

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É difícil para muitos, em nossos dias, compreender o temperamento apaixonado dos medievais, embora os desregramentos e pecados de hoje sejam em geral muito mais graves do que os de outrora.

Um caso interessante é o da família dos Plantagenetas, à qual pertencia Henrique II, duque de Anjou, que se tornou rei da Inglaterra.

Era seu contemporâneo de Luís VII, Rei da França, o qual se casou, ainda muito jovem, com Aliénor ou Eleonora, filha de Guilherme de Poitiers, duque da Aquitânia.

Com o falecimento prematuro de seu pai, Eleonora herdou o extenso e poderoso ducado da Aquitânia, cujas terras compreendiam quase todo o Sudoeste da França, do Poitou aos Pireneus.

Neta de Guilherme o Trovador, Eleonora era uma mulher brilhante, cheia de vida e de curiosidade, de espírito vivaz, inteligente e mundano.

Luís VII, ao contrário, era muito recatado e piedoso, tendo recebido sua educação do sábio abade Suger, que ergueu a primeira catedral gótica do reino em Saint-Denis.

Consciencioso, o rei quis expiar suas culpas indo à segunda cruzada, pregada por São Bernardo em Vézelay. Eleonora quis ir também com seu séquito.

Eleonora de Aquitânia em seu túmulo.  Abadia de Fontevraud, França.
Eleonora de Aquitânia em seu túmulo.
Abadia de Fontevraud, França.
No Oriente, a rainha encontrou-se com seu tio e ex-tutor, príncipe de Antioquia (que não era muito mais velho do que ela). Essas relações foram de tal sorte a causar escândalo.

Ora, a corte francesa já não via com bons olhos a leigeireza de costumes meridionais da rainha. Com o caso de Antioquia, as relações do casal real se deterioraram ao extremo.

Luís VII quis repudiá-la, Suger tentou contemporizar. Finalmente, um concílio reunido em Beaugency decidiu pela nulidade do matrimônio.

Dois meses depois, Eleonora casava-se com o turbulento Henrique II de Anjou, rei da Inglaterra, cognominado o Plantageneta. Com a herança de Eleonora, a monarquia inglesa tornava-se assim mais poderosa do que a francesa.

Henrique teve quatro filhos com Eleonora. Entretanto, as relações de família nunca foram boas. Em determinado momento, o rei encarcerou a rainha. Três de seus filhos se revoltaram e tomaram armas contra o pai.

Nossa Senhora de Rocamadour
Nossa Senhora de Rocamadour
O rei procurava favorecer como herdeiro o seu favorito, João-Sem-Terra, prejudicando os demais.

Um deles, Henrique Court-Martel, devastou então o vice-condado de Turenne e o Quercy, região onde se encontra Rocamadour.

Para puni-lo, Henrique II cortou-lhe a pensão e passou suas terras para o seu irmão, o célebre Ricardo Coração de Leão.

Como vingança, Court-Martel pilhou a abadia de Rocamadour e roubou o cofre com o tesouro de santo Amadour, constituído de pedras e jóias doadas por peregrinos, por vezes ilustres, que iam ao santuário.

Porém, quando o príncipe deixava a aldeia, os sinos começaram a tocar milagrosamente…

Abadia de Rocamadour, França.
Abadia de Rocamadour, França.
Interpretando o ocorrido como uma advertência de Deus, Henrique Court-Martel fugiu para a cidade de Martel, não muito distante, onde chegou doente, arrependeu-se e confessou os seus crimes.

Seu pai despachou um mensageiro concedendo-lhe o perdão, mas o príncipe, agonizante, deitado sobre um leito de cinzas e com uma enorme cruz sobre o peito, logo expirou, enviando um supremo adeus a sua mãe.

Sem dúvida, os medievais cometiam por vezes crimes bárbaros, mas a sua alma não estava fechada à graça de Deus como a de tantos homens de hoje.



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A maravilhosa prédica de Santo Antônio de Pádua diante do Consistório

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Santo Antônio de Pádua. Benozzo Gozzoli (1421-1497).
O maravilhoso vaso do Espírito Santo, monsior Santo Antônio de Pádua, um dos discípulos escolhidos e companheiros de São Francisco, ao qual São Francisco chamava seu vigário.

Pregando uma vez em Consistório diante do Papa e dos cardeais (no qual Consistório havia homens de diversas nações, isto é, gregos, latinos, franceses, alemães, eslavos e ingleses e de outras diversas línguas do mundo); inflamado do Espírito Santo tão eficazmente, tão devotamente, tão sutilmente, tão docemente e tão claramente e intuitivamente expôs e falou a palavra de Deus.

E todos os que estavam em Consistório, conquanto usassem línguas diversas, claramente lhe entendiam as palavras distintamente como se ele tivesse falado na língua de cada um.

E todos estavam estupefatos e lhes parecia que se havia renovado o antigo milagre dos Apóstolos no tempo de Pentecostes, os quais falavam por virtude do Espírito Santo em todas as línguas.

E diziam juntos um para o outro com admiração:

“Não é de Espanha este que prega? E como ouvimos nós em seu falar o nosso idioma?”

O Papa semelhantemente considerando e maravilhando-se da profundeza das palavras dele, disse:

“Este é verdadeiramente arca do Testamento e armário da Escritura divina”.

Em louvor de Cristo. Amém.



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Nossa Senhora de Las Lajas: uma história medieval fora da Idade Média!

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Nossa Senhora de Las Lajas, Ipiales, Colômbia
Nossa Senhora de Las Lajas, Ipiales, Colômbia

A história que vamos reproduzir embaixo não é da Idade Média, mas bem poderia sê-lo. Pois, a Idade Média não é apenas uma era histórica, mas também uma categoria moral, religiosa, social, cultural e de devoção a Nossa Senhora!

Las Lajas quer dizer, em português, As lLjes. A pintura ao lado está impressa num rochedo existente numa gruta localizada ao sul do território colombiano, junto à fronteira do Equador.

São reproduzidas nesta contracapa as duas figuras principais. É um como que quadro. Tem todas as características de ter sido pintado mediante o concurso de um anjo.

Qual é a beleza da referida pintura?

Devemos distinguir nela dois aspectos: as pessoas de Nossa Senhora e Nosso Senhor, e o colorido.

O colorido todo expressa uma idéia de realeza muito pronunciada. As cores de fundo do quadro são faustosas.

Por outro lado, esse vermelho – que tende para o vinho – do traje de Nossa Senhora é uma cor quente, rica, sendo toda essa vestimenta bordada a ouro, o que reforça também a impressão de um traje de rainha.

O santuário de Nossa Senhora de Las Lajas, em Ipiales, Colômbia
O santuário de Nossa Senhora de Las Lajas, em Ipiales, Colômbia
* * *

Quanto às pessoas de Nossa Senhora e do Menino Jesus, chama a atenção primeiramente a grande coroa na cabeça da Mãe de Deus, que não figurava na pintura original.

Tão grande que se diria exagerada, se não estivesse tão bem calculada. Não fica pesada demais, mas é a maior que poderia ser. É impossível imaginar uma coroa maior do que essa para a figura que a porta.

Detalhe curioso é a cabeleira da Virgem Santíssima. Os cabelos d’Ela estão soltos, mas de tal maneira que parecem um manto real.

Há um bom gosto, uma noção de majestade e uma arte na disposição desses cabelos, que é uma coisa extraordinária.

Na fisionomia de Nossa Senhora, merece ser ressaltada a altaneria da cabeça. Ela olha de cima, de um modo sério e investigador, de quem deseja ser obedecida.

É fisionomia de Mãe, mas de uma Mãe que foi pintada numa hora em que não está sorrindo.

Ela não está fixando o olhar com expressão de ameaça ou reprimenda, mas está com a disposição de alguém que, se notar qualquer coisa de errado, passa um pito ou faz uma advertência. É uma realeza exercida com força.

Por outro lado, o Menino Deus está portando uma coroa – igualmente acrescentada à pintura original – também muito grande para a sua cabeça, mas não desproporcionada.

Interior do santuário com a imagem miraculosa no fundo
Interior do santuário com a imagem miraculosa no fundo
Ele está muito amavelmente voltado para quem reza. Ao invés do quadro clássico – o Menino Jesus sério e Nossa Senhora risonha – nota-se o contrário: Ele se distrai com o laço voltando-se para o pecador, enquanto sua Mãe está séria.

O que representa uma troca de posições, parecendo inverter-se o papel da Medianeira. Na realidade, o pensamento que aí está expresso é muito profundo:

Ele é misericordioso porque está sentado no trono da misericórdia – nos braços de Nossa Senhora. Se assim não fosse, Ele não exprimiria tal misericórdia extraordinária, essa alegria de dar e sorrir.

* * *

No total, o que há de mais interessante no quadro é que, depois de se ter olhado para o Divino Infante e Sua Mãe Santíssima, percebe-se como a maternidade d’Ela está expressa na pintura.

Parece que Ela não está prestando uma atenção próxima no Menino, mas há uma intimidade enorme entre os dois. Nossa Senhora O sustém, como uma mãe carrega um filho inteiramente chegado a Ela, para deixar claro seu sentimento materno. Senso materno, por conseguinte, voltado para o pecador, de quem Ela também é Mãe.

Nossa Senhora Rainha e Mãe: é o que expressa admiravelmente esse quadro, que eu considero verdadeiramente uma obra-prima no gênero.

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de conferência em 19.10.1974. Sem revisão do autor).


Origem do quadro de Nossa Senhora de Las Lajas

A índia Maria Mueses com Rosa, sua filha cega miraculosamente curada
A índia Maria Mueses com Rosa,
sua filha cega miraculosamente curada
No século XVIII, depois de vários fatos sobrenaturais ocorridos numa gruta nas ladeiras de Las Lajas, a índia Maria Mueses de Quiñones, (ao lado, uma imagem sua, carregando sua filha Rosa) descendente dos caciques de Potosí, encontra sua filhinha de joelhos venerando um quadro da Virgem, tendo nos braços o Menino Jesus e ladeada por São Francisco e São Domingos. A festa se comemora no 16 de setembro

Informados do ocorrido, os habitantes do local acorreram para venerar a Virgem, logo denominada de Las Lajas. Em fins do século XIX, foi construído um magnífico Santuário em estilo gótico no local.

Detenha-se o leitor na consideração desta fisionomia da Santíssima Virgem. Porte majestoso, régio, ao mesmo tempo maternal, acessível.

Fronte reluzente de uma superior inteligência. Nariz encantador com traçado firme. Lábios bem talhados que denotam decisão. Cabelos negros característicos de uma latino-americana.

Sobrancelhas altas, emoldurando olhos igualmente negros, penetrantes, que parecem sondar as regiões recônditas da alma de quem os fita. Mas ao mesmo tempo, revelam a grandeza dAquela que é Esposa do Divino Espírito Santo.

Nossa Senhora de Las Lajas, Ipiales, Colômbia
Nossa Senhora de Las Lajas, Ipiales, Colômbia
Tudo aí é bem proporcionado, manifestando um superior equilíbrio. E o Menino Jesus segura um cordão, parecendo distrair-se com ele a fim de que as atenções se voltem com mais empenho para a Medianeira de todas as graças.

Quem teria pintado com tanta maestria este quadro? Em que museu famoso estará ele exposto?

Pintou-o não um artista comum, mas celeste mão, talvez de um Anjo, tendo sido a milagrosa obra de arte descoberta em meados de século XVIII.

E como tela escolheu lajes brutas de um desfiladeiro ignoto da Colômbia, nas cercanias da cidade de Ipiales, penetrando-as com misteriosa tinta que, ainda que se raspe ou talhe profundamente a pedra, lá se encontram sempre as mesmas cores e matizes.

Este é o milagre estupendo, permanente, que se pode observar em Las Lajas, o Santuário onde se encontra a referida obra prima do celeste Autor.



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Nossa Senhora do Grand Retour: o milagre, o esquecimento e a promessa

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Notre Dame du Grand Retour, na igreja de Boulogne-Billancourt, região parisiense.
Notre Dame du Grand Retour, na igreja de Boulogne-Billancourt, região parisiense.

Por volta do ano 638, sob o reinado do bom rei Dagoberto (604-639), uma imagem de Nossa Senhora “trazida pelos anjos”, segundo tradição imemorial, veio aportar na praia do estuário do rio Liane, em Boulogne-sur-Mer, na região que depois foi denominada Pas-de-Calais, na França.

De onde vinha? Ninguém sabia.

Talvez – segundo se dizia – tivesse sido embarcada no Oriente, onde cristãos perseguidos a teriam confiado às ondas do mar antes de cair nas mãos de ferozes perseguidores.

A cronografia levanta incertezas. Mas o certo é que a misteriosa imagem foi cultuada pelos habitantes da região.

Esculpida em carvalho, ela representava Nossa Senhora de pé, envolta num halo de paz e luz que emanava dela, segurando o Menino Jesus em seu braço esquerdo.

E sua voz se fez ouvir:

“Eu sou a advogada dos pecadores, o manancial da graça, a fonte da piedade, e desejo que uma luz divina desça sobre vós e sobre vossa cidade. Meus amigos, façam edificar uma igreja em meu nome”, narram os manuscritos da época.

A imagem foi entronizada numa capela construída na parte mais alta da cidade, num local onde outrora houve um templo pagão romano.

Notre Dame du Grand Retour: o quadro lembra a miraculosa chegada da imagem num navio vazio.
Notre Dame du Grand Retour: o quadro lembra a miraculosa chegada da imagem num navio vazio.
Mas a devoção se espalhou a fundo na Cristandade quando Santa Ida, mãe de Godofredo de Bouillon, o conquistador de Jerusalém, mandou construir uma catedral em honra de Nossa Senhora do Grand-Retour.

A própria Santa Ida (1040-1113) era descendente de Carlos Magno. Ela nasceu na mesma região do milagre, e ficou conhecida como Santa Ida de Boulogne, ou da Lorena, pelo seu casamento com o duque de Boulogne, Eustáquio II.

Santa Ida recebia relíquias da Terra Santa enviadas pelo seu filho Godofredo de Bouillon, comandante da I Cruzada, e as distribuía nos mosteiros para convidá-los a maiores orações pelo êxito da empresa militar.

A santa princesa fundou e restaurou numerosas abadias e igrejas na região da Picardia, e foi enterrada no convento das beneditinas de Bayeux, na Normandia. O rei Luís XI tornou-a padroeira do condado de Boulogne.

Santa Ida de Boulogne mandou construir uma catedral para Nossa Senhora do Grande Retorno
Santa Ida de Boulogne mandou construir uma catedral
para Nossa Senhora do Grande Retorno
O prestígio do santuário era tanto, que o rei Felipe V, o Alto (1293-1322) ergueu uma igreja em Boulogne-sur-Seine, então periferia de Paris, copiando a basílica de Santa Ida, na floresta de Rouvray (cujo último vestígio é o famoso Bois de Boulogne de Paris).

O bairro hoje é conhecido como Boulogne-Billancourt.

Na época das cruzadas, antes de empreender o caminho para Jerusalém, os cavaleiros iam a Boulogne-sur-Mer para fazerem benzer suas espadas ao pé da Virgem.

O culto a Nossa Senhora de Boulogne, hoje também conhecida como do Grand-Retour, é o mais antigo da França junto com o de Puy-en-Velay.

Muitos milagres aconteceram antes da Revolução anticristã.

Em 1478, o rei Luís XI concedeu a Nossa Senhora a suserania do Condado de Boulogne, e desde então os reis da França a veneraram como “Nossa Padroeira especial”.

No transcurso dos séculos, o santuário foi objeto de romarias de reis como São Luís IX, Luís XI, Francisco I acompanhado pelo rei da Inglaterra – naquela época ainda católico – Henrique VIII.

Também foi venerada por santos da estatura de São Bernardo, São João Batista de la Salle, e muitos outros.

Notre Dame du Grand Retour, na Porte des Dunes, Boulogne-sur-Mer.
Notre Dame du Grand Retour,
na Porte des Dunes, Boulogne-sur-Mer.
Durante as guerras religiosas desatadas pelo protestantismo, a imagem foi escondida num poço e ficou desaparecida por volta de um século.

Em 1630 a igreja foi restaurada, e a estátua reinstalada em seu lugar.

Em 1793, durante a sacrílega Revolução Francesa, a imagem foi queimada. Cinco anos depois os revolucionários arrasaram o santuário de Santa Ida.

Só foram salvos dois dedos da mão direita que abençoa, os quais estão guardados num relicário que é levado aos doentes e moribundos.

Entre os anos 1827 à 1857 edificou-se um novo santuário, e em 1885 uma nova estátua de madeira de Nossa Senhora de Boulogne foi coroada pelo Núncio Apostólico.

Em 1938, após um Congresso Mariano, foram feitas quatro imagens de estuco, de tamanho natural e coroadas.

Essas imagens, a partir de 1942, em plena ocupação nazista, foram levadas de cidade em cidade e de casa em casa.

A acolhida foi excepcional, ficando muitos quadros, monumentos, fotos, cartazes, reproduções e até filmes dela.

Uma delas chegou até Lourdes, cidade geograficamente posta no outro extremo da França, em meio a um movimento extraordinário de devoção por onde passava.

De Lourdes, a imagem começou o retorno. E ele foi apoteótico e muito demorado.

Notre Dame du Grand Retour: uma das imagens peregrinas. Os fiéis usam roupas típicas da região.
Notre Dame du Grand Retour: uma das imagens peregrinas.
Os fiéis usam roupas típicas da região.
Ali vincou a invocação de “Notre-Dame du Grand Retour”, ou “Nossa Senhora do Grande Retorno”.

Dizia-se que quando essas estátuas voltassem a Boulogne, a guerra acabaria. Quando a terceira imagem chegou, em 1948, a guerra tinha acabado. Havia um descompasso de tempo, e aconteceu que uma imagem nunca voltou. Pois…

Uma das quatro estátuas conseguiu atravessar a fronteira do território francês ocupado pelos nazistas e foi levada para a ilha da Martinica, no Caribe.

Lá foi construída uma igreja em sua honra. E lá ficou como que a indicar que a II Guerra Mundial não terminou – segundo dizem muitos comentaristas e até o Papa Francisco I –, sentindo-se já os efeitos de seu novo desenvolvimento numa III Guerra Mundial.

Por razões mal esclarecidas de origem não religioso – ou anti-religioso – um pesado véu de silêncio desceu sobre o colossal fenômeno de devoção popular.

Nossa Senhora do Grand-Retour fala de um regresso triunfal d’Ela, para estabelecer seu reino sobre a humanidade hoje tão decaída, ainda que uma III Guerra Mundial possa vir a atingi-la.



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Nossa Senhora da Vitória: abriu as portas de Málaga aos exércitos católicos

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Em 1487 iniciou o rei católico Fernando o sítio de Málaga com um exército imponente. Uma vez estabelecido na proximidade, procurou persuadir seus habitantes a que lhe entregassem a praça, para evitar as destruições de um sítio.

O tirano que dominava a cidade, Hamet el Zegrí, mandou degolar os que participavam das tratativas, e então o Rei intimou a cidade a se render, mas ela se recusou.

Deu início então ao sítio, instalando diante dos muros de Málaga seus efetivos, e em meio a eles uma espécie de templo, onde mandou pôr uma imagem da Virgem, que sempre levava consigo.

Começou uma luta duríssima, em que a artilharia tinha muita parte.

Antes de continuar a destruição da cidade, ainda foi feita uma segunda intimação a Zegrí, que a rechaçou mandando degolar uma comissão de muçulmanos que quis mostrar-lhe o perigo de prolongar um sítio sem esperanças de vitória.

Obstinou-se na luta, apesar das muitas derrotas, praticando crueldades contra os seus.

Depois do fracasso de uma sortida, fechou-se numa torre-fortaleza fora da cidade, abandonando-a à sua própria sorte.

Ao se verem livres do jugo de Zegrí, os mouros pediram ao Rei que os deixasse voltar para a África ou viver em Castela, o que lhes foi recusado.

Declararam então os da cidade sitiada que, se não obtivessem isso, enforcariam nas ameias quinhentos cristãos cativos, ateariam fogo à cidade, exterminando suas famílias, e tratariam de morrer matando.

Estavam assim as coisas quando, a 18 de agosto, de improviso se rendeu a praça. Nela entraram imediatamente as tropas castelhanas, pondo a cruz nas torres do forte. Diante dele se ajoelharam os reis católicos e foi cantado o Te Deum.

Isabel e Fernando atribuíram a um milagre da Santíssima Virgem esse triunfo.

Para perpétua memória, em ação de graças mandaram edificar um templo no local em que estava a santa imagem que levavam. Desde então recebeu o nome de Nossa Senhora da Vitória, com o qual até hoje é venerada como padroeira de Málaga.



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A Imaculada Conceição glorificada à revelia até por ... um diabo!

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Imaculada Conceição,São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro
Imaculada Conceição,
São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro
Luis Dufaur

A devoção à Imaculada Conceição de Nossa Senhora vem dos tempos apostólicos.

Na Idade Média, porém, adquiriu enorme força e extensão.

Por fim, no século XIX foi proclamada dogma da Igreja Católica. Nenhum católico pode negá-la ou pô-la sequer em dúvida, sem cair em heresia e ficar fora da Igreja.

Por isso, nesta magna festa, reproduzimos o fato seguinte acontecido no século XIX.



No dia 8 de dezembro de 1854, o Bem-aventurado Papa Pio IX promulgou solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria, Mãe de Deus Encarnado, Nosso Senhor Jesus Cristo.

E no dia 25 de março de 1858, festa da Anunciação do Anjo a Nossa Senhora e da Encarnação do Verbo, a Santíssima Virgem se manifestou em Lourdes a Santa Bernadete.

Nesse dia Ela confirmou o dogma, dizendo: “Eu sou a Imaculada Conceição”. E inaugurou uma torrente de milagres que não cessa até hoje!

Poucas pessoas sabem que em 1823, trinta anos antes da proclamação desse magnífico dogma, dois sacerdotes exorcistas obrigaram um demônio que possuía um rapaz a cantar o louvor dessa santa verdade.

E o demônio teve que fazê-lo, obviamente a contragosto, mas com uma rima poética que reverenciou a glória de Nossa Senhora.

O demônio é “espírito de mentira”, mas o exorcismo pode obrigá-lo a dizer a verdade, inclusive sobre matérias de Fé, como a divindade de Jesus Cristo, as virtudes da Imaculada Virgem, a existência do Paraíso, do inferno, etc.

Foi o que aconteceu com o demônio que tinha entrado num jovem analfabeto de apenas doze anos, residente em Adriano di Puglia, Itália, hoje Ariano Irpino, na província e diocese de Avellino.

Os exorcistas foram dois religiosos dominicanos, o Pe. Gassiti e o Pe. Pignataro, que estavam na cidade pregando uma missão.

Eles haviam recebido o “placet”, ou autorização do bispo, para fazer o exorcismo.

E obrigaram então aquele demônio a responder a muitas perguntas, entre as quais, uma sobre a Imaculada Conceição.

Apesar de o diabo dar sinais de máxima contrariedade, os exorcistas lhe impuseram que falasse sobre o especialíssimo privilégio concedido por Deus a Maria Santíssima.

O demônio então confessou que a Virgem de Nazareth jamais esteve sob seu poder, nem mesmo por um só instante. Pelo contrário, confessou que desde o primeiro instante de sua vida Ela sempre esteve “cheia de graça” e foi toda de Deus.

E o diabo pôs em verso a glória da Imaculada que o esmaga eternamente.
Santa Maria de los Reyes, Laguardia, Espanha
Os dois exorcistas obrigaram o espírito das trevas a testemunhar a Imaculada Conceição sob a forma de versos poéticos.

E o demônio, que se perdeu por culpa própria e conhecendo perfeitamente as coisas, compôs na língua italiana um soneto impecável, perfeito como construção poética e como teologia.

Como a tradução para o português prejudica a rima, nós o reproduzimos no em italiano final do post:
Eu sou Mãe verdadeira de um Deus que é Filho
e sou filha dEle, embora seja sua Mãe;
Ele nasceu ab aeterno e é meu Filho,
Eu nasci no tempo e, entretanto, sou sua Mãe.

Ele é meu criador, porém é meu Filho,
Eu sou sua criatura, porém sou sua Mãe;
Foi um prodígio divino Ele ser meu Filho
Um Deus eterno me ter por Mãe.

A vida é comum entre a Mãe e o Filho
Porque o Filho recebe o ser da Mãe,
E a Mãe recebeu o ser do Filho.

Ora, se o Filho recebeu o ser da Mãe,
Ou se diz que o Filho nasceu com mancha,
Ou foi a Mãe que foi concebida sem mancha.

Imaculada Conceição em Lourdes, França
Imaculada Conceição em Lourdes, França
Se não formos piores que esse demônio do inferno, ajoelhemo-nos diante da Imaculada Virgem e veneremo-la pelos séculos dos séculos, dizendo:

“Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.

Em italiano:
Vera Madre son Io d’un Dio che è Figlio
e son figlia di Lui, benché sua Madre;
ab aeterno nacqu’Egli ed è mio Figlio,
in tempo Io nacqui e pur gli sono Madre.

Egli è mio creator ed è mio Figlio,
son Io sua creatura e gli son Madre;
fu prodigo divin l’esser mio Figlio
un Dio eterno, e Me d’aver per Madre.

L’esser quasi è comun tra Madre e Figlio
perché l’esser dal Figlio ebbe la Madre,
e l’esser dalla Madre ebbe anche il Figlio.

Or, se l’esser dal Figlio ebbe la Madre,
o s’ha da dir che fu macchiato il Figlio,
o senza macchia s’ha da dir la Madre

Fonte: “Chiesa viva”, Maio 2012



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Santo Natal e Feliz Ano Novo!

Reis Magos e pastores: santa harmonia social aos pés do Menino-Deus

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Os medievais tinham uma devoção encantada pelos Reis Magos. Essa devoção tem seu fundamento nos Evangelhos, mas eles a desenvolveram com uma força que chega até nossos dias.

A catedral de Colônia exibe a urna que conteria os restos dos três reis, venerados como santos.

Quis a Providência que o Menino Jesus recebesse a visita de três sábios — que segundo uma venerável tradição eram também reis — e alguns pastores.

Precisamente os dois extremos da escala humana dos valores.

Pois o rei está de direito no ápice do prestígio social, da autoridade política e do poder econômico, e o sábio é a mais alta expressão da capacidade intelectual.

Na escala dos valores o pastor se encontra, em matéria de prestígio, poder e ciência, no grau mínimo, no rés-do-chão.

Ora, a graça divina, que chamou ao presépio os Reis Magos do fundo de seus longínquos países, chamou também os pastores do fundo de sua ignorância.

A graça nada faz de errado ou incompleto. Se ela os chamou e lhes mostrou como ir, há de lhes ter ensinado também como apresentar-se ante o Filho de Deus.

E como se apresentaram eles? Bem caracteristicamente como eram.

Os pastores lá foram levando seu gado, sem passar antes por Belém para uma “toilette” que disfarçasse sua condição humilde.

Os Magos se apresentaram com seus tesouros — ouro, incenso e mirra — sem procurar ocultar sua grandeza que destoava do ambiente supremamente humilde em que se encontrava o Divino Infante.

A piedade cristã, expressa numa iconografia abundantíssima, entendeu durante séculos, e ainda entende, que os Reis Magos se dirigiram para a gruta com todas as suas insígnias.

Quer isto dizer que ao pé do presépio cada qual se deve apresentar tal qual é, sem disfarces nem atenuações.

Pois há lugar para todos, grandes e pequenos, fortes e fracos, sábios e ignorantes.

É questão apenas, para cada qual, de conhecer-se, para saber onde se pôr junto de Jesus.




Excertos de artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Catolicismo, dezembro/1955



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Quem foram os Reis Magos?

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'A viagem dos Magos' (1894), Jacques-Joseph Tissot (1836-1902), pintor francês.

Um antigo documento conservado nos Arquivos Vaticanos lança uma certa luz, embora indireta e sujeita a caução, sobre a pessoa dos Reis Magos que foram adorar o Menino Jesus na Gruta de Belém. A informação foi veiculada por muitos órgãos de imprensa e páginas da Internet.

O documento é conhecido como “A Revelação dos Magos”. Provavelmente seja algum “apócrifo”, nome dado aos livros não incluídos pela Igreja Católica na Bíblia. Portanto, não são “canônicos”, apesar de poderem ser de algum autor sagrado.

“Canônico” deriva de “Cânon”, que é o catálogo de Livros Sagrados admitidos pela Igreja Católica e que constituem a Bíblia. Este catálogo está definitivamente encerrado e não sofrerá mais modificação.

Há uma série de argumentos profundos que justificam esta sábia decisão da Igreja.

Entretanto, uma extrema ponderação em apurar a verdade faz com que a Igreja não recuse em bloco esses “apócrifos” e reconheça que pode haver neles elementos históricos ou outros que ajudem à Fé.



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O Milagre Eucarístico de Turim (ano 1453)

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Placa com a narração do milagre onde esse aconteceu, basílica do Corpus Domini, Turim
Placa com a narração do milagre onde esse aconteceu, basílica do Corpus Domini, Turim

Na Basílica de Corpus Christi de Turim encontra-se uma grade de ferro que protege o lugar onde ocorreu o primeiro milagre eucarístico daquela cidade, em 1453.

No chão, atrás da grade, está escrito como ocorreu o milagre:

“Eis o lugar onde caiu prostrado o jumento que transportava o Corpo Divino. O lugar onde a Sagrada Hóstia, saindo de uma bolsa, elevou-se sozinha, descendo com clemência nas mãos dos cidadãos de Turim. Eis o lugar santificado pelo Milagre. Recordando-o e rezando ajoelhado, presta-lhe veneração com santo temor”. (6 de junho de 1453)
A igrejinha de Exilles onde foi perpetrado o roubo sacrílego
A igrejinha de Exilles onde foi perpetrado o roubo sacrílego
A história começou na cidade piemontesa de Exilles, na região de Alto Val Susa, fronteira com a França, onde as tropas francesas de Renato d’Anjou lutavam contra as milícias italianas do duque Ludovico de Savóia.

Os franceses saquearam o vilarejo e entraram na igreja.

Um dos soldados forçou a porta do Tabernáculo e roubou o Ostensório com a Hóstia consagrada, envolvendo-a numa bolsa.

Montou depois num jumento e partiu para a cidade de Turim com a intenção de vendê-la.

Ele ingressou dissimuladamente na cidade no dia 6 de junho, quando se comemorava o Corpus Christi.

Na praça principal, perto da então igreja de São Silvestre, hoje do Espírito Santo – onde futuramente seria erguida a Basílica de Corpus Christi – o jumento empacou e caiu no chão.

Então a bolsa se abriu e o Ostensório com a Hóstia se elevou sobre as casas vizinhas para maravilhamento do povo.

Entre os presentes estava o padre Bartolomeu Coccolo, que foi correndo avisar o bispo Ludovico, da família dos marqueses de Romagnano.

O bispo, acompanhado por um cortejo formado pelo povo e pelo clero, se dirigiu à praça, prostrou-se em adoração e rezou com as palavras dos discípulos de Emaús “Permanecei conosco, Senhor”.

Afresco representando o milagre eucarístico de Turim
Afresco representando o milagre eucarístico de Turim
Naquele mesmo momento se verificou outro milagre: o Ostensório caiu no chão, deixando livre a Hóstia consagrada, que reluzia como o sol.

O bispo elevou o cálice que tinha nas mãos, e lentamente a Hóstia consagrada começou a descer, pousando dentro do cálice.

A devoção ao Milagre Eucarístico de 1453 foi imediatamente difundida por toda a cidade, que promoveu a construção de um nicho no lugar onde ocorreu o fato sobrenatural.

Posteriormente, o nicho foi substituído pela Igreja dedicada ao Corpo de Cristo.

A história do milagre eucarístico de Turim resumida numa sacra
A história do milagre eucarístico de Turim resumida numa sacra
O milagre foi comemorado especialmente nas solenidades organizadas por ocasião do cinquentenário e do centenário do milagre (1653-1703;1753-1853; e parcialmente em 1903).

São muitos os documentos que relatam o milagre: os mais antigos são três Atos Capitulares dos anos de 1454, 1455 e 1456, bem como alguns documentos da prefeitura de Turim.

A atual Basílica do Corpus Domini construída para perpetuar a lembrança do milagre
A atual Basílica do Corpus Domini
construída para perpetuar a lembrança do milagre
No ano de 1853, o Beato Papa Pio IX celebrou solenemente o IV centenário do milagre, cerimônia da qual participaram São João Bosco e o Padre São Miguel Rua.

Para essa ocasião, Pio IX aprovou o Ofício e a Missa própria do milagre para a diocese de Turim.

No ano de 1928, Pio XI elevou a Igreja do Corpus Christi à dignidade de Basílica Menor.

A hóstia do milagre foi conservada até o século XVI, quando a Santa Sé ordenou consumi-la “para não forçar Deus a fazer um milagre eterno mantendo incorrupta, como estiveram até aquele momento, as próprias espécies eucarísticas”.



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Anunciação e Encarnação do Verbo

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Anunciação, Santa Maria delle Grazie, S. Giovanni Valdarno, Arezzo, Itália. Beato Fra Angélico (1395 – 1455)
Anunciação, Santa Maria delle Grazie, S. Giovanni Valdarno, Arezzo, Itália.
Beato Fra Angélico (1395 – 1455)


“O Anjo do Senhor anunciou a Maria”


No dia 25 de março a Igreja celebra este fato incomparável: a Anunciação!

Fra Angélico pintou um quadro da Anunciação: a Virgem Maria encontra-se numa casinha pequena, modesta, limpíssima e em inteira ordem, num claustro composto de umas arcadazinhas.

Ela está sentada com um livrinho de meditação no colo. Uma atmosfera de paz impregna todo o ambiente, quando o arcanjo São Gabriel aparece e se ajoelha diante d´Ela.

E Maria aparece um pouco inclinada ouvindo o anjo falar.

É o fato extraordinário que se deu naquela ocasião. Ela não pensava na possibilidade de um anjo visitá-La, nem na mensagem que ele vinha trazendo.

Há milênios a humanidade esperava Aquele que deveria vir ao mundo — aquela criatura perfeita que seria o centro de todas as coisas.

Em virtude do pecado original, os homens estavam imersos num caos. Na pior das formas da desordem encontravam-se os povos pagãos e também o povo eleito.

O povo judaico, que tinha sido escolhido para a promessa, estava na maior decadência e no maior afastamento de Deus. Na Terra nada mais se salvava.

Entretanto, uma Virgem concebida sem pecado original — nascida de Santa Ana e de São Joaquim, e que depois se casaria virginalmente com São José — meditava.

Ela percebia que a única solução para a salvação dos homens era a vinda do Messias a fim de redimir o gênero humano. Ela meditava, lia a Bíblia com uma inteligência maior do que jamais ninguém teve e pensava a respeito do Messias.

Anunciação, Museu del Prado, Madri. Beato Fra Angélico (1395 – 1455)
Anunciação, Museu del Prado, Madri. Beato Fra Angélico (1395 – 1455)
Assim meditando, Ela foi levada pelo desejo de que nascesse o Messias e pedia por essa vinda.

Ela foi compondo a figura do Messias, com base nas Escrituras e em conjecturas, até imaginar como Ele seria. Sua sabedoria, virtude e amor de Deus auxiliaram-na nessa composição.

Na paz da sua meditação, quando Ela acabava de pôr o último traço na imaginação de como Nosso Senhor Jesus Cristo seria, uma iluminação dentro do jardim!

Aparece o anjo e lhe diz: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres.”

Ela se perturbou, pois não sabia qual era a finalidade dessa saudação.

O anjo, então, explicou-Lhe que Ela seria Mãe do Filho de Deus e que o Verbo de Deus, o Messias, nasceria d’Ela.

Pode-se imaginar a surpresa, pois Ela se julgava indigna de ser a escrava da Mãe do Messias e pedia a graça de poder conhecer a Mãe do Messias e de servi-la. Era o que aspirava.

Entretanto, mesmo considerando esse favor arrojado, o anjo anuncia que Ela própria seria a Mãe do Messias!

(Autor: excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 24 de março de 1984. Sem revisão do autor.)


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Como os anjos compuseram o “Regina Coeli”

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São Miguel atende as súplicas do Papa São Gregório Magno
São Miguel atende as súplicas do Papa São Gregório Magno



O Regina Cœli ou Regina Cæli (em português “Rainha do Céu”) é um hino dedicado a Nossa Senhora que se reza às 6h00, 12h00 e às 18h00, durante o Tempo Pascal.

Ele substitui a oração do Angelus, feita nos outros dias do ano, nos mesmos horários.

Não se conhece autor humano. Ele teria sido composto pelos anjos segundo atesta imemorial tradição.

Era o ano 590, em Roma. Já devastada por um transbordamento do Tibre, que havia alagado a cidade reduzindo-a à fome, irrompeu uma terrível peste.

Para aplacar a cólera divina, o Papa S. Gregório Magno ordenou uma litania septiforme.

São Miguel atende as súplicas do Papa São Gregório Magno, detalhe
São Miguel atende as súplicas do Papa São Gregório Magno, detalhe
Isto é, uma procissão geral do clero e da população romana, formada por sete cortejos que confluíram para a Basílica Vaticana.
 
Enquanto a grande multidão caminhava pela cidade, a pestilência chegou a um tal furor, que no breve espaço de uma hora oitenta pessoas caíram mortas ao chão.

Mas S. Gregório não cessou um instante de exortar o povo para que continuasse a rezar, e que diante do cortejo fosse levado o quadro da Virgem que chora, da igreja de Ara Coeli, pintado pelo evangelista São Lucas.

Fato maravilhoso: à medida que a imagem avançava, a área se tornava mais sã e limpa à sua passagem, e os miasmas da peste se dissolviam.

Junto da ponte que une a cidade ao castelo, inesperadamente ouviu-se um coro que cantava, por cima da sagrada imagem: “Regina Coeli, laetare, Alleluia!”, ao qual S. Gregório respondeu: “Ora pro nobis Deum, Alleluia!”. Assim nasceu o Regina Coeli.

São Miguel atende as súplicas do Papa São Gregório Magno, detalhe
São Miguel atende as súplicas do Papa São Gregório Magno, detalhe
Após o canto, os anjos se colocaram em círculo em torno do quadro. São Gregório Magno, erguendo os olhos, viu sobre o alto do castelo um anjo exterminador que, após enxugar a espada, da qual escorria sangue, colocou-a na bainha, como sinal do cessamento do castigo.

Como recordação, o castelo ficou conhecido com o nome de Sant’Angelo. Em sua mais alta torre foi posta a célebre imagem de São Miguel, o anjo exterminador.

(Fonte: “Lepanto”, Roma, set/out 83)



Eis o texto em português e, depois, em latim:

Castel Sant'Angelo em iluminura medieval
Castel Sant'Angelo em iluminura medieval
V.: Rainha do céu, alegrai-vos! Aleluia!

R.: Porque quem merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!

V. :Ressuscitou como disse! Aleluia!

R.: Rogai a Deus por nós! Aleluia!

V.: Exultai e alegrai-Vos, ó Virgem Maria! Aleluia!

R.: Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia.

Conclui-se com a seguinte oração:

V.: Oremos:

Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do Vosso Filho Jesus Cristo, Senhor Nosso, concedei-nos, Vos suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Por Cristo, Senhor Nosso.

R.: Amém!

V.: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

R.: Como era no princípio, agora e sempre, Amém. (três vezes)


Regina Caeli: partitura, gregoriano simples.   Em Latim
Regina Caeli: partitura, gregoriano simples.


Em Latim

V.: Regina coeli, laetare, Alleluia:

R.: Quia quem meruisti portare, Alleluia:

V.: Resurrexit, sicut dixit, Alleluia:
Regina Caeli: partitura, gregoriano solene.
Regina Caeli: partitura, gregoriano solene.
R.: Ora pro nobis Deum, Alleluia.

V.: Gaude et laetare, Virgo Maria! Alleluia!

R.: Quia surrexit Dominus vere! Alleluia!

V.: Oremus:

Deus, qui per resurrectionem Filii tui, Domini nostri Iesu Christi, mundum laetificare dignatus es: praesta, quaesumus; ut per eius Genetricem Virginem Mariam, perpetuae capiamus gaudia vitae. Per eundem Christum Dominum nostrum.

R.: Amen



Clique aqui para ouvir




Regina Coeli (Reza-se em lugar do Angelus, durante o Tempo Pascal)



Schola Gregoriana Mediolanensis, direttore Giovanni Vianini, Milão, Itália.


Regina Caeli, laetare. Polifônico. Tomás Luis de Victoria, (Ávila, 1548 - Madrid, 1611)





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O milagre eucarístico de Lanciano segundo o cientista que comprovou sua autenticidade

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Lanciano: carne de Cristo em custódia de prata
Lanciano: carne de Cristo em custódia de prata


O doutor Edoardo Linoli afirma que portou em suas mãos um verdadeiro tecido cardíaco, ao analisar anos atrás as relíquias do milagre eucarístico de Lanciano (Itália), o mais antigo dos conhecidos.

O fato miraculoso se remonta ao século VIII.

Em Lanciano, na igreja dedicada a São Legonciano, um monge basiliano que celebrava a missa em rito latino começou a duvidar da presença real de Cristo sob as sagradas espécies após a consagração.

Nesse momento, o sacerdote viu como a sagrada hóstia se transformava em carne humana e o vinho em sangue, que posteriormente se coagulou.

Professor de Anatomia e Histologia Patológica, de Química e Microscopia Clínica, e ex-chefe do Laboratório de Anatomia Patológica no Hospital de Arezzo, o doutor Linoli foi o único que analisou as relíquias do milagre de Lanciano. Seus resultados suscitaram um grande interesse no mundo científico.

O Dr. Edoardo Linoli, autor das análises
O Dr. Edoardo Linoli, autor das análises
Em novembro de 1970, por iniciativa do arcebispo de Lanciano, Dom Pacífico Perantoni, e do ministro provincial dos Conventuais de Abruzzo, contando com a autorização de Roma, os Franciscanos de Lanciano decidiram submeter a exame científico as relíquias.

Encomendou-se a tarefa ao professor Linoli, ajudado pelo professor Ruggero Bertelli, da Universidade de Siena.

Com a maior atenção, o professor Linoli extraiu partes das relíquias e submeteu a análise os restos de “carne e sangue milagrosos”.

Em 4 de março de 1971 a equipe apresentou os resultados.

Estes evidenciam que a carne e o sangue são com certeza de natureza humana. A carne é inequivocamente tecido cardíaco, e o sangue é verdadeiramente de homem pertencendo ao grupo AB.

Consultado pela agência Zenit, o professor Linoli explicou que, “no que diz respeito à carne, encontrei que a carne que tinha na minha mão provinha do endocárdio. Portanto não há dúvida alguma de que se trata de tecido cardíaco”.

Trabalho do Dr. Linoli  publicado pelo diário vaticano "L'Osservatore Romano"
Trabalho do Dr. Linoli
publicado pelo diário vaticano "L'Osservatore Romano"
Quanto ao sangue, o cientista sublinhou que “o grupo sanguíneo é o mesmo do homem do Santo Sudário de Turim, e é singular porque tem as características de um homem que nasceu e viveu nas zonas do Oriente Médio”.

“O grupo sanguíneo AB, de fato, se encontra numa porcentagem pequena que vai de 0,5 a 1%, enquanto que na Palestina e nas regiões do Oriente Médio é de 14-15%”, apontou.
Prof. Ruggero Bertelli aprova trabalho do Dr. Linoli
Prof. Ruggero Bertelli aprova trabalho do Dr. Linoli
A análise do professor Linoli revelou também que não havia na relíquia substâncias conservantes e que o sangue não podia ter sido extraído de um cadáver, porque se teria alterado rapidamente.

O informe do professor Linoli foi publicado em “Quaderni Sclavo di diagnostica clinica e di laboratório” (1971, fasc 3, Grafiche Meini, Siena).

Em 1973, o conselho superior da Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou uma comissão científica para verificar as conclusões do médico italiano.

Os trabalhos se prolongaram por 15 meses, com um total de quinhentos exames.

As conclusões de todas as investigações confirmaram o que havia sido declarado e publicado na Itália.

O extrato dos trabalhos científicos da comissão médica da OMS foi publicado em dezembro de 1976, em Nova York e em Genebra, confirmando a impossibilidade da ciência de dar uma explicação a este fenômeno.

O professor Linoli falou novamente no Congresso sobre os milagres eucarísticos organizado pelo Master em Ciência e Fé do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum (Roma), em colaboração com o Instituto São Clemente I Papa e Mártir, por ocasião do Ano Eucarístico de 2005.
Lanciano: relíquias expostas
Lanciano: relíquias expostas

“Os milagres eucarísticos são fenômenos extraordinários de diferente tipo”, explicou o diretor do Congresso, padre Rafael Pascual LC, em “Rádio Vaticano”:

“Por exemplo, há a transformação das espécies do pão e do vinho em carne e sangue, a preservação milagrosa das Hóstias consagradas, ou algumas hóstias que vertem sangue”.

“Na Itália, há vários lugares onde ocorreram esses milagres eucarísticos – declarou – mas também os encontramos na França, Alemanha, Holanda, Espanha” e alguns “na América do Norte”.


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Nossa Senhora Auxiliadora, vencedora do islamismo

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Maria Auxiliadora
basílica de Maria Ausiliatrice, Turim



No 24 de maio comemora-se a festa de Nossa Senhora Auxilio dos Cristãos.

A devoção foi largamente difundida por São João Bosco e começa pelos menos num milagre feito por Nossa Senhora numa hora em que os islâmicos, como também fazem hoje, ameaçavam tomar conta das nações cristãs da Europa.

Quando, no ano da Redenção de 1566, o Cardeal Ghislieri foi elevado ao trono pontifício com o nome de Pio V, a situação da Cristandade era angustiante.

Com efeito, fazia aproximadamente um século que os turcos avançavam sobre a Europa, por mar e através dos Bálcãs, no intuito insolente de sujeitar à lei do Corão as nações católicas, e, sobretudo de chegar até Roma, onde um de seus sultões queria entrar a cavalo na Basílica de São Pedro.

Em 1457 caíra Constantinopla. Transposto o Bósforo, os infiéis avançaram sobre as regiões balcânicas, subjugando a Albânia, a Macedônia, a Bósnia.

O ano de 1522 viu cair a fortaleza de Rhodes. Em 1524 o novo sultão Solimão II ocupava e tratava duramente Belgrado. Seis anos mais tarde, 300.000 otomanos chegaram às portas de Viena.

No litoral dalmático os turcos saqueavam e destruíam as cidades e as ilhas próximas à Grécia.

A Espanha engajava-se individualmente numa guerra contra a Tunísia e a Argélia, em 1541 as hostes do Crescente investiam novamente contra Viena. Em junho de 1552 tomavam elas parte da Transilvânia.

São Pio V convida os príncipes a unirem suas forças


São Pio V era como um raio de luz da Idade Média a fulgurar sobre a Europa. Em dezembro de 1566, o Papa convidou as nações católicas a se unirem numa liga em defesa da Cristandade.

Maria Auxiliadora aparece na batalha de Lepanto contra os islamitas, Paolo Veronese (1528 — 1588).
Maria Auxiliadora aparece na batalha de Lepanto
contra os islâmicos, Paolo Veronese (1528 — 1588).
Em meados de maio de 1571, emergiu a boa nova: estava concluída a Santa Liga.

A aliança ajustada entre o Papa, o Rei da Espanha e a República de Veneza devia ser estável, ter caráter ofensivo e defensivo e dirigir-se não somente contra o sultão, mas também contra seus Estados tributários.


O Sumo Pontífice publicou um Jubileu geral, para atrair as bênçãos do Deus das batalhas sobre o exército cristão.

Tomou parte nas procissões rogatórias, que se realizaram ainda no mês de maio em Roma, e mandou cunhar uma medalha comemorativa.

Em 7 de outubro, na baía de Lepanto as esquadras se aproximaram. O vento mudara inesperadamente.

Os estandartes do Crucificado e da Virgem de Guadalupe investem contra as bandeiras vermelhas do Islã, marcadas com a meia-lua, estrelas e o nome de Alá.

Foi a maior batalha naval que a História jamais registrara.

Uma Senhora de aspecto majestoso e ameaçador


Soube-se depois que, no fragor da batalha, os soldados de Islã tinham avistado acima dos mastros da esquadra católica uma Senhora, que os aterrava com seu aspecto majestoso e ameaçador.

Bem longe dali, no mesmo dia 7 de outubro o Papa aguardava ansioso notícias da esquadra católica. De repente, abriu uma janela e entrou em êxtase.

Logo depois voltou-se e disse: “Ide com Deus. Agora não é hora de negócios, mas sim de dar graças a Jesus Cristo, pois nossa esquadra acaba de vencer”. E dirigiu-se à sua capela.

As notícias do desfecho da batalha chegaram a Roma duas semanas depois.

A vitória foi por todos atribuída à intervenção da Virgem. O Santo Padre acrescentou à Ladainha Lauretana uma invocação que nascera pela “vox populi”, no momento da grande proeza: “Auxílio dos Cristãos”.

Na Espanha e na Itália começaram a surgir igrejas e capelas com a invocação de Nossa Senhora da Vitória.

O senado veneziano pôs debaixo do quadro que representava a batalha a seguinte frase: “Nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória” — “Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos fecit”.

Gênova e outras cidades mandaram pintar em suas portas a efígie da Virgem do Rosário, e algumas puseram em seu escudo a imagem de Maria Santíssima calcando aos pés o Crescente.



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Na festa de Corpus Christi, o hino “Ave Verum” (“Salve, ó verdadeiro corpo”)

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Na Idade Média foram compostas muitas músicas e poesias religiosas em louvor do Santíssimo Sacramento.

Esta grande devoção teve, aliás, imenso incremento no período medieval.

Podemos então dizer que ela ‒ aperfeiçoada pela Contra-Reforma ‒ chegou até nós impregnada do perfume da Idade Média.

A presencia real de Nosso Senhor Jesus Cristo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Sagrada Eucaristia está fundamentada nas próprias palavras de Cristo na Última Ceia: “Este é meu corpo, esta é minha sangue”.

A Fé na presença real de Cristo na Eucaristia foi professada universalmente por toda a Igreja desde sua fundação.

Só com o protestantismo que apareceram contestações, aliás mais próximas da chicana do que qualquer outra coisa. Foram sobejamente refutadas pelos Doutores e notadamente pelo Concílio de Trento.

Na crise da fé no século XX, reapareceram falsos teólogos que pretenderam reviver os erros protestantes com outro nome.

É o malfadado progressismo, que tem menos fundamento na verdade que os próprios protestantes. Todos esses erros acabarão ficando à margem da História, como já ficaram os de Calvino, Zwinglio, Melanchton ou Lutero.

Elevação do cálice na Missa, Dorchester Abbey, ©Fr Lawrence OP
No século XI, portanto em plena Idade Média, a Igreja aprofundou o estudo racional da Presença Real.

Esse genuíno desenvolvimento do dogma católico gerou um grande movimento de piedade eucarística.

Um dos seus momentos culminantes foi a instituição da festa de Corpus Christi, em 1264.

Como o povo penetrado de verdadeira fé aspirava ver a Deus feito carne na Hóstia consagrada, foi introduzido na Missa o rito da elevação. Ele acontece logo depois da Consagração.

Durante a elevação, os medievais faziam soar um sino especial, e os fiéis espalhados pela catedral ou pela igreja acorriam para ver e adorar a Hóstia divina.

Também se acendia um círio num alto candeeiro. Posteriormente acendeu-se um castiçal pequeno, também chamado de palmatória, que assim ficava até a comunhão, para significar a presença real de Cristo na Eucaristia.

Nesses felizes tempos medievais em que florescia a fé foram compostos vários hinos ao Santíssimo Sacramento cantados até hoje, ou, pelo menos, até que a desordem progressista não os bloqueou. É de se esperar que essa sabotagem não dure muito.

São Tomás de Aquino, Vaticano

Entre esse hinos fiéis reflexos do dogma católico figura o Ave Verum em posição de destaque.

Ele cantava-se especialmente após a Consagração, quando o verdadeiro corpo de Cristo estava realmente presente no altar, pois o hino começa “Salve, ó verdadeiro corpo”.

A maioria dos autores concorda em atribuir a autoria a São Tomás de Aquino (+ 1274).

Ele fez outros hinos também famosíssimos, cheios de lógica e unção, consagrados a Cristo Sacramentado.

Citemos, pelo menos, o Pange língua, o Verbum supernum prodiens, o Sacris solemnis, o Adoro te devote e a não menos divinamente inspirada seqüência Lauda, Sion, Salvatorem.

Eis o texto do Ave Verum, com sua tradução ao português e sua partitura (gregoriano):

Clique aqui para ouvir(Coro da TFP americana):


Ave verum corpus natum de Maria Virgine
Salve, ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria

Vere passum, immolatum in cruce pro homine
Que verdadeiramente padeceu e foi imolado na cruz pelo homem

Cuius latus perforatum fluxit aqua et sanguine
De seu lado transpassado fluiu água e sangue

Esto nobis praegustatum mortis in examine
Sê para nós remédio na hora tremenda da morte

O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae.
Ó doce Jesus, ó bom Jesus, ó Jesus filho de Maria.

As exclamações finais foram objeto de pequenas adaptações segundo as dioceses.

Fonte: Pe. Manuel Jesús Carrasco Terriza, “Cuerpo de Cristo, arte y vida de la Iglesia”.

O AVE VERUM em gregoriano, monges de Santo Domingo de Silos :



AVE VERUM segundo Wolfgang A. Mozart (interpretação do Coro do King's College, Inglaterra :




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São Bernardo: Ato de abandono a Nossa Senhora

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Madonna, São Pedro e São Miguel Arcanjo. Lorenzo da Viterbo (1444 – 1476) Cerveteri, igreja de Santa Maria Maggiore
Nossa Senhora, São Miguel Arcanjo e São Pedro. Lorenzo da Viterbo (1444 – 1476)
Cerveteri, igreja de Santa Maria Maggiore




Doce Virgem Maria, minha augusta Soberana!

Minha amável Senhora!

Minha boníssima e amorosíssima Mãe!

Doce Virgem Maria, coloquei em Vós toda minha esperança, e não serei em nada confundido. Doce Virgem Maria, creio tão firmemente que do alto do Céu Vós velais dia e noite por mim e por todos os que esperam em Vós, e estou tão intimamente convencido de que jamais faltará coisa alguma quando se espera tudo de Vós, que resolvi viver para o futuro sem nenhuma apreensão, e descarregar inteiramente em Vós todas as minhas inquietações.

Doce Virgem Maria, Vós me estabelecestes na mais inabalável confiança. Oh, mil vezes Vos agradeço por um favor tão precioso!

São Bernardo de Claraval, Heiligenkreuz, Austria, ©Georges Jansoone
São Bernardo de Claraval.
Heiligenkreuz, Áustria, ©Georges Jansoone
Doravante habitarei em paz em vosso coração tão puro; não pensarei senão em Vos amar e Vos obedecer, enquanto Vós mesma, boa Mãe, gerireis meus mais caros interesses.

Doce Virgem Maria! Como, entre os filhos dos homens, uns esperam a felicidade de sua riqueza, outros procuram-na nos talentos!

Outros apóiam-se sobre a inocência de sua vida, ou sobre o rigor de sua penitência, ou sobre o fervor de sua preces, ou no grande número de suas boas obras.

Quanto a mim, minha Mãe, esperarei em Vós somente, depois de Deus; e todo fundamento de minha esperança será sempre minha confiança em vossas maternais bondades.

Doce Virgem Maria, os maus poderão roubar-me a reputação e o pouco de bem que possuo; as doenças poderão tirar-me as forças e a faculdade exterior de Vos servir; poderei eu mesmo — ai de mim, minha terna Mãe! — perder vossas boas graças pelo pecado; mas minha amorosa confiança em vossa maternal bondade, jamais — oh, não! — jamais a perderei.

Conservarei esta inabalável confiança até meu último suspiro.

Todos os esforços do inferno não ma arrebatarão. Morrerei repetindo mil vezes vosso nome bendito, fazendo repousar em vosso Coração toda minha esperança.

E por que estou tão firmemente seguro de esperar sempre em Vós?

Não é senão porque Vós mesma me ensinastes, dulcíssima Virgem, que Vós sois toda misericórdia e somente misericórdia.

Madonna Lochis, Crivelli, Bergamo
Madonna Lochis. Crivelli, Bergamo.
Estou pois seguro, ó boníssima e amorosíssima Mãe!

Estou certo de que Vos invocarei sempre, porque sempre Vós me consolareis; de que Vos agradecerei sempre, porque sempre me confortareis; de que Vos servirei sempre, porque sempre me ajudareis; de que Vos amarei sempre, porque Vós me amareis; de que obterei sempre tudo de Vós, porque sempre vosso liberal amor ultrapassará minha esperança.

Sim, é de Vós somente, ó doce Virgem Maria, que, apesar de minhas faltas, espero e aguardo o único bem que desejo: a união a Jesus no tempo e na eternidade.

É de Vós somente, porque sois Vós quem meu Divino Salvador escolheu para me dispensar todos os Seus favores, para me conduzir seguramente a Ele.

Sim, sois Vós, minha Mãe, que, após me terdes ensinado a compartilhar as humilhações e sofrimentos de vosso Divino Filho, me introduzireis em Sua glória e em Suas delícias, para O louvar e bendizer, junto a Vós e convosco, pelos séculos dos séculos.

Assim seja.

(São Bernardo de Claraval)


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Santa Clotilde Rainha e o milagre da conversão da França

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Santa Clotilde, igreja de Saint-Germain l'Auxerrois, Paris
Santa Clotilde, igreja de Saint-Germain l'Auxerrois, Paris




Gundioch, rei da Borgonha, morrera numa batalha contra os bárbaros, em defesa da Fé e de seus Estados. Seus quatro filhos, desejando governar, dividiram o pequeno reino.

A mais velha das irmãs, Fredegária, tomou o véu religioso num mosteiro, onde terminou seus dias em odor de santidade.

Clotilde, a mais nova, por “sua doçura, piedade e amor pelos pobres, fazia-se bendizer por todos aqueles que viviam a seu redor”.

“Essa jovem princesa demonstrou uma constância admirável em meio a seus infortúnios, e começou a brilhar, como um milagre de honra e de virtude, pela santidade de suas ações.... Seu porte era belo, suas maneiras agradáveis, seu rosto bem feito e de uma beleza tão regular, que não se podia ver nada de mais bem acabado”.

A fama de tal virtude e beleza chegou ao vizinho reino dos Francos (depois França), onde seu jovem e fogoso rei, Clóvis pensou em desposar a virtuosa princesa, apesar de ser ela católica. Certamente influiu nessa decisão o Bispo São Remígio, no qual o rei franco depositava inteira confiança.

As bodas realizaram-se no ano de 493 em Soissons, com toda a suntuosidade da época.

“No palácio do rei franco instalou-se um oratório católico, onde diariamente se ofereciam os Sagrados Mistérios, aos quais a Santa assistia com singular devoção”.

Um ano após o casamento, Clotilde deu à luz um herdeiro, e obteve de Clóvis licença para batizá-lo. Poucos dias depois, o pequeno inocente foi para o Céu. O rei, irado, alegou que se ele tivesse sido consagrado aos seus deuses, não teria morrido.

A rainha protestou com firmeza dizendo que se alegrava pelo fato de Deus os ter julgado dignos de que um fruto de seu matrimônio entrasse no Céu. E que, em vez de entristecer-se, eles deveriam rejubilar-se. Isso aplacou o rei.

Santa Clotilde, jardim do Luxemburgo, Paris
Santa Clotilde, jardim do Luxemburgo, Paris
No ano seguinte, Clotilde deu à luz outro menino que, apenas batizado, correu perigo de vida. A rainha lançou-se aos pés do altar e, por suas súplicas e lágrimas -- que visavam mais a conversão do marido do que evitar essa segunda morte -- obteve de Deus que ele se restabelecesse.

As qualidades da esposa começaram a impressionar vivamente a Clovis.

Mas ele tinha um temperamento modelado pela barbárie, e portanto refratário à Religião católica.

Para obter a conversão do marido e do reino, a piedosa rainha entregava-se em segredo a grandes austeridades, prolongadas orações, e especial caridade para com os pobres.

Ao mesmo tempo, “honrava seu real esposo, e procurava suavizar seu temperamento belicoso com sua mansidão cristã”.
“Enquanto não adorares o verdadeiro Deus - dizia-lhe ela - temerei que voltes das batalhas vencido e humilhado. Até agora não enfrentaste inimigos dignos de teu valor. Se, por desgraça, fores cercado e acossado por um exército mais numeroso, em vão pedirás a ajuda de teus falsos deuses”. 

Clóvis contentava-se em desviar a conversa para não magoar a esposa com blasfêmias.

Clotilde tornou-se amiga de Santa Genoveva, que então resplandecia em Paris por suas virtudes e milagres. A ela e a São Remígio recomendou também a conversão do marido.

O milagre da batalha de Tolbiac.
O milagre da batalha de Tolbiac. (Paul-Joseph Blanc, 1846 - 1904)
Chegou finalmente a batalha de Tolbiac, a hora da Providência.

O invicto Clovis encontrou-se face aos poderosos alamanos. De repente vê seu exército recuar em tal pânico que, na fuga, uns guerreiros atropelam os outros.

Desesperado, o monarca pagão começa a clamar aos seus deuses, pedindo-lhes ajuda. Em vão.

Lembra-se então de Clotilde. Caindo de joelhos, eleva seus olhos ao Céu, e brada com toda a alma:

“Ó Jesus Cristo, Deus de Clotilde. Se me concederdes vencer esses inimigos, eu crerei em Vós e serei batizado em vosso nome”. A batalha virou miraculosamente de lado e Clóvis venceu.

Essa conversão foi pronta e sincera. Não querendo esperar chegar a Soissons para instruir-se “na fé de Clotilde”, mandou chamar um virtuoso eremita, São Vedasto, para que marchasse a seu lado, instruindo-o na Fé católica.

Quis Deus que o rei bárbaro comprovasse mais uma vez, com os próprios olhos, a santidade da Religião que lhe estava sendo pregada. Ao passarem pela vila de Vouziers, um cego aproximou-se para pedir esmola, e só ao tocar a túnica de São Vedasto, adquiriu imediatamente a visão.

São Remígio batiza Clóvis. Esmalte do túmulo de S.Remígio. Basílica de St Rémi, Reims, França
São Remígio batiza Clóvis. Esmalte do túmulo de S.Remígio.
Basílica de St Rémi, Reims, França
À rainha – que o esperava ansiosamente pois Clóvis já mandara notícia de sua conversão – disse ele: “O Deus de Clotilde deu-me a vitória. De hoje em diante será meu único Deus!”

No dia de Natal do ano 496, Clóvis, com três mil de seus mais valentes guerreiros, ingressaram pelo batismo na milícia do Deus de Clotilde.

Ao entrar o rei dos francos com o Bispo de Reims no batistério, disse-lhe este as palavras que se tornaram famosas: “Curva a cabeça, altivo Sicambro; adora o que queimaste e queima o que adoraste”.

No momento em que São Remígio ia proceder à unção do rei com o óleo do Santo Crisma, baixou da abóbada do templo uma pomba trazendo no bico uma ampola com azeite.

O Bispo, vendo naquilo uma ordem celeste, ungiu com ele a cabeça de Clóvis. Com esse azeite seriam ungidos depois praticamente todos os reis franceses, até ser quebrada a ampola durante a nefanda Revolução Francesa.

“Em poucos dias, todo o reino dos francos entrava na Igreja, pondo à cabeça de seu Código nacional aquele grito entusiasta que é uma confissão de fé: ‘Viva Cristo, que ama os francos!’”. Assim nasceu a França "Filha primogênita da Igreja".


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O culto medieval à Coroa de Espinhos do Salvador

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Jesus coroado de espinhos
Jesus coroado de espinhos



"Pilatos então tomou Jesus e mandou-o açoitar. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puse­ram-lha sobre a cabeça".

Narra a Tradição que a santa Coroa de espinhos, referida nessa passagem do Evangelho de São João, foi recolhida pelos discípulos do Divino Salvador e conservada até o ano de 1063 no monte Sion, em Jerusalém.

Coube a São Luís IX, rei de França, a glória de ter adquirido do Imperador de Bizâncio, em 1239, essa relí­quia inestimável.

Para abrigá-la condignamente, mandou construir a mais bela jóia arquitetônica em estilo gótico existente na Europa: a Sainte Chapelle de Paris.

Veja mais sobre a Sainte Chapelle em CATEDRAIS MEDIEVAIS

Atualmente, a Santa Coroa de espinhos pode ser venerada na Catedral de Paris, onde se encontra pro­tegida por fino anel de cristal, sob a custódia dos Cavaleiros do Santo Sepulcro de Jerusalém.

Esta Ordem Militar foi fundada por Godofredo de Bouil­lon, duque de Lorena, que conquistou a Terra Santa aos sarracenos, em 1099, e recusou ser coroado de joias no local onde Nosso Senhor houvera sido coroado de espinhos.

Atual relicário com a Coroa de Espinhos, catedral Notre Dame de Paris
Atual relicário com a Coroa de Espinhos, catedral Notre Dame de Paris
Ao longo dos séculos, vários relicários foram elaborados pela piedade católica para guardar a sagrada relíquia. A maioria dos espinhos foi distribuída em catedrais e igrejas para a veneração dos fiéis.

O mais belo e rico relicário, foi desenhado para a catedral de Paris, em 1853 por indicação de Viollet­-le-Duc, o famoso arquiteto que restaurou Notre Dame de Paris.

A base do relicário, em estilo neogótico, represen­ta São Luiz IX, Santa Helena e o Imperador latino de Bizâncio, Balduíno de Courtenay, que sustentam uma coroa de flores-de-lis, cujas pilastras são, por sua vez, apoiadas em doze estátuas representando os Apóstolos.



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O Ângelus, devoção da Cavalaria, para honrar a Encarnação do Salvador

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Anunciação. Iluminura na Universidade de Califórnia-Berkeley,  UCB 138
Anunciação. Iluminura na Universidade de Califórnia-Berkeley,
UCB 138



O Ângelus (Anjo do Senhor) reza-se às 06:00, 12:00 e/ou 18:00 horas. Com ele os católicos glorificam, através de orações especiais, a Anunciação, feita pelo anjo Gabriel a Nossa Senhora, da Encarnação de Jesus Cristo.

Cumpriu-se então, o anúncio dos profetas de que uma Virgem conceberia e daria à luz o Salvador tão esperado.

É uma das grandes datas da História e do calendário litúrgico, pois marca o início da Redenção.

A festa da Encarnação é celebrada o dia 25 de Março, nove meses antes do Natal.

Em algumas localidades, os sinos das igrejas tocam de maneira especial.

O nome da oração Ângelus deriva da primeira invocação em latim: Angelus Domini nuntiavit Mariæ (O anjo do Senhor anunciou a Maria).

As oração consiste em três invocações, com uma resposta cada uma. As três descrevem o mistério da Encarnação. Elas são acompanhadas por uma jaculatória, uma breve oração e três Glórias.

Anunciação. Tomasso di Masolino (1383 – 1447).  National Gallery of Art, Londres.
Anunciação. Tomasso di Masolino (1383 – 1447).
National Gallery of Art, Londres.
Como rezar o Ângelus:
1) O Anjo do Senhor anunciou a Maria
Respondem todos: E Ela concebeu pelo poder do Espírito Santo.
Ave Maria...

2) Eis aqui a serva do Senhor.
Respondem todos: Faça-se em Mim segundo a vossa palavra.
Ave Maria...

3) E o Verbo Divino se fez homem,
Respondem todos: e habitou entre nós.
Ave Maria...

4) Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
Respondem todos: para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos: Derramai ó Deus, a Vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do anjo a encarnação do Vosso filho, cheguemos por Sua Paixão e Cruz à glória da ressurreição. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

Glória ao Pai... (repete-se 3 vezes)

Anunciação. Paolo Veneziano (1333 - 1358). J. Paul Getty Museum, Los Angeles, EUA.
Anunciação. Paolo Veneziano (1333 - 1358).
J. Paul Getty Museum, Los Angeles, EUA.
A oração Ângelus é atribuída ao Bem-aventurado Urbano II, o Papa que convocou a primeira Cruzada.

O costume de rezá-la em três momentos do dia é atribuída ao rei Luis XI da França. Ele, em 1472, ordenou que fosse recitada três vezes por dia.

Trata-se de uma das grandes devoções medievais, de grande doçura e unção, que se espalharam pela Igreja toda para maior glória de Nossa Senhora, até o dia de hoje.

Ela reafirma também a unicidade da Igreja Católica: a única verdadeira fundada por Deus encarnado em Maria.

O grande apóstolo da devoção a Nossa Senhora, São Luís Maria Grignion de Montfort, conta que o Ângelus era uma devoção habitual da Cavalaria.

Anunciação, iluminura medieval
Anunciação, Columbia University,
Burke Library at Union Theological Seminary, UTS MS 051
O original em latim é assim:
V/. Ángelus Dómini nuntiávit Mariæ,
R/. Et concépit de Spiritu Sancto.
Ave Maria, gratia plena, Dóminus técum. Benedicta tu in muliéribus, et benedictus fructus ventris tui, Jesus.
Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nóstræ. Amen.

V/. Écce Ancílla Dómini.
R/. Fiat míhi secúndum Verbum túum.
Ave Maria, gratia plena...

V/. Et Verbum caro factum est.
R/. Et habitávit in nobis.
Ave Maria, gratia plena...

V/. Ora pro nobis, Sancta Déi Gènetrix.
R/. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi.

Orémus: Gratiam tuam quæsumus, Dómine, méntibus nostris infúnde; ut qui, angelo nuntiánte, Christi Fílii tui Incarnatiónem cognóvimus, per passiónem éius et crucem, ad resurrectiónis gloriam perducámur. Per eúndem Christum Dóminum nostrum. Amen.

Gloria Patri... três vezes.


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A recompensa de São João Damasceno

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São João Damasceno
São João Damasceno



Este santo, vingador das santas imagens contra os ímpios iconoclastas, foi condenado por Leão Isauro a ter a mão direita decepada.

Logo depois dessa bárbara execução, João foi prostrar-se diante da imagem de Maria, seu recurso ordinário, com o fim de oferecer a Deus, por Maria, seus sofrimentos.

Confiado no seu poderosíssimo auxilio, disse a Maria:

“Sabeis, ó Virgem Santa, qual foi o motivo por que me cortaram a mão. Ela era sagrada a vosso serviço. Ó Rainha dos anjos e dos homens, se não for contrário à vontade de Deus, vossa intercessão me pode restituir de novo a minha mão, a qual, mais do que antes, será vossa”.

Enquanto assim rezava, sentiu as dores diminuírem de intensidade até desaparecerem. Durante um sono reparador, Maria restituiu-lhe a mão, pedindo-lhe que escrevesse sempre em defesa da Igreja.

Ao redor do pulso, ficou apenas uma simples linha vermelha, como para servir de testemunho da autenticidade do milagre.

Tal prodígio, Maria o fez em favor de um homem que, pelas suas palavras e por seus escritos, defendia o culto das santas imagens.

(“Maria ensinada à mocidade” - Livraria Francisco Alves, 1915) 


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